Vídeo mostra conversa de vítima de falso confronto com PMs em Goiás

Goiânia – Um dos dois homens mortos em suposto confronto com policiais militares do Comando de Operações Divisionais (COD), disse em vídeo que procuraria um “trem” na sede do batalhão, na capital goiana. As imagens obtidas pela repórter do jornal O Popular, Gabriella Braga, são analisadas pela Polícia Civil.

Ainda não se sabe a data em que o vídeo foi gravado, mas as imagens mostram dois homens nos bancos dianteiros de um carro trafegando pela Avenida Anhanguera, em Goiânia. Havia pelo menos uma terceira pessoa no banco de trás, que registrou o momento.

Olhar:

Durante a conversa, um dos homens diz: “Na segunda-feira, o rapaz marcou para pegar o ‘trem’ dentro do batalhão COD”. O outro homem então responde: “Não estou aqui ao meio-dia, estou trabalhando”. A última fala é de outra pessoa: “Então você não vai viajar, vai?”

O homem que aparece no vídeo é Júnior José de Aquino Leite. Ele foi morto com Marienes Pereira Gonçalves no dia 1º de abril, precisamente uma segunda-feira, durante um falso confronto com a polícia, a cerca de 1,5 quilômetro do batalhão COD.

Confronto simulado

Segundo a investigação do caso, realizada pela Corregedoria da Polícia Militar, os policiais mentiram para justificar o falso confronto e dificultar as investigações. Na investigação, é revelado que a polícia apresentou diferentes versões sobre motivações, tiroteios e até horários do ocorrido.

Além dos quatro policiais que participaram da abordagem à dupla morta, outros dois policiais que trabalhavam como motoristas e ajudaram os colegas no dia da ocorrência também não são inocentes.

Isso porque, mesmo não aparecendo nos vídeos manipulando a cena do crime ou atirando nas vítimas, eles sabiam que tudo isso estava acontecendo e deveriam ter informado imediatamente os superiores dos comandantes de equipe para tentarem outras provas.

Dada a conclusão da Corregedoria, os policiais militares poderão responder por diferentes crimes e de diferentes formas. Veja abaixo por qual crime cada pessoa pode ser acusada:

• 1º Tenente Alan Kardec Emanuel Franco: deverá responder diretamente pelo crime de fraude processual e indiretamente pela participação intelectual e apoio material nos dois homicídios;
• 2º Tenente Wandson Reis Dos Santos: deverá responder diretamente pela morte de Júnior José e pelo crime de fraude processual;
• 2º Sargento Marcos Jordão Francisco Pereira Moreira: deverá responder diretamente pela morte de fuzileiros navais e também pelo crime de fraude processual;
• 3º Sargento Wellington Soares Monteiro: deverá responder diretamente pela morte de fuzileiros navais e também pelo crime de fraude processual;
• Soldado Pablo Henrique Siqueira e Silva: deverá responder indiretamente pelo crime de fraude processual e indiretamente por participação intelectual e apoio material nos dois homicídios;
• Soldado Diogo Eleuterio Ferreira: deverá responder indiretamente pelo crime de fraude processual e indiretamente pela participação intelectual e apoio material nos dois homicídios.

Suspeitos mortos a tiros

O suposto confronto aconteceu no dia 1º de abril no Setor Jaó, em Goiânia, e familiares das vítimas denunciam o que pode ter sido uma execução.

Na ocasião, dois homens foram mortos a tiros pela polícia. Os militares também teriam plantado uma arma no local do crime, em um bairro de Goiânia, capital do estado.

Os PMs alegaram que a dupla reagiu a uma abordagem, porém, imagens gravadas no celular de um dos abordados mostram o momento da parada e contradizem o boletim de ocorrência.