A Semente do Mal, de Gabriel Abrantes, chega aos cinemas nesta quinta-feira (13/6). O filme se enquadra no gênero terror, sem deixar a comédia de lado, traz cenas curiosas para abordar a temática do narcisismo, além de criticar a aristocracia e os velhos hábitos desse sistema, como o incesto.
A trama foca na história de Edward, que foi sequestrado quando ainda era bebê. Ele mora nos Estados Unidos e descobre, através de uma análise de DNA, que sua família mora no interior de Portugal. A personagem viaja para conhecê-los, mas acaba descobrindo que estão ligados por um segredo sobrenatural.
Em entrevista com Metrópoleso diretor explicou alguns pontos do filme, como o uso de pular sustos — técnica muito utilizada em filmes de terror e jogos eletrônicos com o objetivo de assustar o público —, além do desejo de criar uma história com apelo mais psicológico.
“Ando de forma intuitiva nos meus projetos, mas tenho algumas referências que são inspiradoras. Eu queria criar um monstro original e me diverti pensando no mito desse monstro”, disse ela.
Os amantes do gênero terror sabem a diferença que uma boa trilha sonora pode fazer na experiência. Em A Semente do Mal essa premissa não é diferente. Em muitas cenas, é a música que acrescenta tensão e transporta o público para dentro do filme.
Entre as músicas escolhidas pelo diretor estão Garota de Ipanema, de Tom Jobim. Ele, no entanto, também criou os efeitos sonoros. “Foi um desafio fazer música para um filme sujo, género que usa tanto a banda sonora para criar atmosferas”, destacou Gabriel Abrantes.
O cineasta também citou John Carpenter, diretor da saga Halloween, como inspiração. A cena da canção de Jobim, por exemplo, se passa em um momento que carrega tensão, devido ao “presente”, ainda oculto, da família.
“Achei isso engraçado. A mãe, dançando com os dois filhos e tendo essa sedução perversa dentro dessa família e ao mesmo tempo tendo essa música icônica de fundo. Tornou a cena muito especial”, destacou.
Apesar de ser um filme de terror, Abrantes também inseriu na história a sátira, o humor e a crítica. Ele cita, por exemplo, o narcisismo e os velhos hábitos da aristocracia, quando muitos acreditavam que o incesto era a melhor opção para manter a linhagem.
“Acho incrível o terror por dizer coisas que não se pode dizer, é uma camuflagem para enviar mensagens. E para mim o mais importante do filme é uma fábula sobre o narcisismo, sobre ser obcecado por si mesmo”, declarou.
Ele também cita como exemplo as inúmeras intervenções estéticas feitas por Amélia (Anabela Moreira), que acabam se tornando um ponto importante pelas percepções de Ed (Carlotto Cotta) e Riley (Brigette Lundy-Paine). “Ele chega e acha que isso vai resolver todos os problemas que ele tem na vida, toda tristeza ou apatia, ou, ainda mais, que aquele personagem tem?”, reflete.
Um fato interessante do filme é que Carlotto Cotta interpreta três personagens diferentes: Edward, seu irmão gêmeo, Manuel, e seu pai, Artur. Abrantes, que considera o ator um velho conhecido, explicou que estas sequências foram as mais difíceis de fazer, mas que ficou muito feliz com o resultado.
Ele explicou que tudo foi feito com tela verde e que, ao ver o resultado, gostou muito e foi até elogiado pelo realismo que o trabalho traz e pela perfeição com que tudo foi feito.
“Eu queria muito essa ideia de gêmeos e não encontramos gêmeos na vida real com quem eu gostasse tanto de trabalhar. E aí fui trabalhar com o Carloto, com quem já havia trabalhado. Isso, na verdade, tornou a filmagem imensamente complicada, ou seja, muito do que ganhamos simplificando a produção. Em vez de fazer 40 cenas, conseguimos fazer 20 por hora, quase o dobro do tempo”, finalizou.
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