A greve dos professores das universidades e institutos federais completa dois meses no próximo sábado (15/6), com a expectativa do governo Lula (PT) de que as greves docentes sejam encerradas. Na última segunda-feira (6/10), o presidente da República anunciou R$ 5,5 bilhões em investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para universidades e hospitais universitários, após reunião com reitores.
O chamado PAC Universidades foi mais um sinal dado pelo governo na tentativa de reprimir as greves, que hoje atingem 62 instituições, incluindo 55 universidades, cinco institutos federais (IFs) e dois centros federais de educação tecnológica (Cefets). A Universidade de Brasília (UnB) é uma das que continua mobilizada (Veja a lista atualizada no final deste artigo).
Além dos investimentos no PAC, o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou aumento de recursos para financiar instituições federais, totalizando R$ 400 milhões, dos quais R$ 279,2 milhões serão destinados às universidades e outros R$ 120,7 milhões aos institutos federais.
Os anúncios de mais recursos foram bem recebidos pela principal entidade da categoria, o Sindicato Nacional dos Professores das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN). “A força da greve ficou evidente com o anúncio do aporte de recursos”, afirmou a entidade.
Agora, os negociadores do governo esperam que as assembleias universitárias comecem a deliberar sobre o fim da greve, como fez a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na semana passada.
A Andes não aceitou o acordo com o governo federal — assinado apenas pela Federação dos Sindicatos dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Técnico e Tecnológico Básico (Profes), em 27 de maio — e obteve suspensão na Justiça. Porém, com o recente registro sindical do Proifes, há expectativa de que a decisão seja revista e o acordo seja confirmado.
Proifes x Andes: entenda a rivalidade sindical dos professores universitários
Criticando “manifestações desrespeitosas de representantes do governo federal contra a greve e seus dirigentes”, Andes atribuiu a divulgação das medidas “à força e ao apelo do movimento grevista”. Na ocasião do anúncio, o presidente Lula disse que toda greve “tem hora para começar e hora para terminar” e afirmou que não se pode seguir a linha do “tudo ou nada”, correndo o risco de não ter nada.
Ajustes em 2025 e 2026
Além do orçamento para as universidades, o governo propôs um reajuste em duas parcelas, válidas para os próximos dois anos, divididas da seguinte forma: 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026.
Foi também acordada a reestruturação da progressão entre os diferentes níveis de carreira. O acordo terá impacto fiscal de R$ 6,2 bilhões em dois anos.
A Andes exigiu um reajuste salarial em 2024, de 3,69%, a ser pago em agosto, além de uma correção de 9% em janeiro de 2025 e mais 5,16% em maio de 2026. Por isso, o sindicato se recusou a assinar o Termo de Acordo com o governo.
Alegando falta de espaço orçamental, o Ministério da Gestão e Inovação nos Serviços Públicos (MGI) afirma não ter mais espaço para negociação. Em 2024, foi concedido reajuste de benefícios (auxílio alimentação, assistência médica complementar per capita e assistência pré-escolar) a todos os servidores do Executivo federal.
O MGI disse que chegou “ao limite”, mas continua aberto ao diálogo sobre questões não salariais com o magistério em outras instâncias, como a reunião da Mesa Setorial marcada para sexta-feira (14/6).
Técnicos ainda não chegaram a acordo
Além do acordo firmado com os representantes dos professores, o governo ainda conversa com os técnicos administrativos educacionais (TAEs) para chegar a um consenso. Esta categoria está em greve há mais tempo, 90 dias. Na terça-feira (6/11), em nova rodada de negociações, o governo propôs reajuste de 9% em 2025 e 5% em 2026.
Embora o processo com os TAEs continue, a avaliação é que, com a retomada das atividades dos professores, agora será possível a retomada das aulas nas instituições de ensino superior do país.
Veja abaixo a tabela atualizada da greve docente:
UNIVERSIDADES FEDERAIS EM GREVE:
- Universidade Federal do Rio Grande (FURG);
- Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB);
- Universidade Federal do Ceará (UFC);
- Universidade Federal do Cariri (UFCA);
- Universidade de Brasília (UnB);
- Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF);
- Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP);
- Universidade Federal de Pelotas (UFPel);
- Universidade Federal de Viçosa (UFV);
- Universidade Federal do Espírito Santo (UFES);
- Universidade Federal do Maranhão (UFMA);
- Universidade Federal do Pará (UFPA);
- Universidade Federal do Paraná (UFPR);
- Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB);
- Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa);
- Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR);
- Universidade Federal de Rondônia (UNIR);
- Universidade Federal de Roraima (UFRR);
- Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ);
- Universidade Federal de Pernambuco (UFPE);
- Universidade Federal de Catalão (UFCAT);
- Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB);
- Universidade Federal de Santa Maria (UFSM);
- Universidade Federal do Tocantins (UFT);
- Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN);
- Universidade Federal Fluminense (UFF);
- Universidade Federal de Alagoas (UFAL);
- Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE);
- Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE);
- Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP);
- Universidade Federal da Bahia (UFBA);
- Universidade Federal do ABC (UFABC);
- Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA);
- Universidade Federal de Campina Grande – Campus Cajazeiras (UFCG-Cajazeiras)
- Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO);
- Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM);
- Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS);
- Universidade Federal do Acre (UFAC);
- Universidade Federal de Lavras (UFLA);
- Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR);
- Universidade Federal de Goiás (UFG);
- Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC);
- Universidade Federal do Amapá (UNIFAP);
- Universidade Federal de Sergipe (UFS);
- Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB);
- Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA);
- Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA);
- Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT);
- Universidade Federal de Uberlândia (UFU);
- Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ);
- Universidade Federal de Rondonópolis (UFR);
- Universidade Federal do Piauí (UFPI);
- Universidade Federal da Paraíba (UFPB);
- Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB); Isso é
- Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
INSTITUTOS FEDERAIS (IFS) EM GREVE:
- Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS);
- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS);
- Instituto Federal do Piauí (IFPI);
- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste-MG (IF Sudeste-MG) – Campus Juiz de Fora, Campus Santos Dumont e Campus Muriaé;
- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFSul) – Campus Visconde da Graça.
CENTROS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO (CEFETS) EM GREVE:
- Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG); Isso é
- Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ).
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