O conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado do Rio, Domingos Brazão, argumentou ao Supremo Tribunal Federal que a ‘palavra solitária de um notório assassino carioca’ não pode levar à sua condenação pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.
Acusado junto com o irmão Chiquinho Brazão de mandar matar o parlamentar, Domingos apresentou defesa preliminar à denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República na noite desta sexta-feira, 7. Eles são acusados de supostos crimes de homicídio e organização criminosa.
O documento com as principais alegações da defesa foi levado ao Supremo Tribunal Federal no mesmo dia em que parte da declaração do ex-PM Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle, foi tornada pública. Os advogados de Domingos apresentaram seus argumentos iniciais antes de o STF marcar uma data para decidir se colocaria os irmãos Brazão no banco dos réus.
O artigo de 76 páginas está centrado nos argumentos de que: a defesa ainda não teve acesso a todas as conclusões da investigação e, portanto, não haveria paridade de armas; a investigação ainda estaria em andamento, com a Polícia Federal apresentando informações após a apresentação da denúncia; e a alegação de que as declarações do denunciante Ronnie Lessa não foram corroboradas pelos investigadores.
A defesa de Domingos Brazão pede que a denúncia seja rejeitada na íntegra. Questiona a atribuição de crime de organização criminosa a apenas três pessoas investigadas – os irmãos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio – quando o tipo criminoso trata de um grupo formado por quatro pessoas. Argumenta ainda que faltou justa causa na denúncia, uma vez que estaria ‘isenta de elementos que corroborassem a versão do colaborador’.
Os advogados do assessor afastado do TCE Rio também fazem alegações preliminares, que deverão ser analisadas pelo STF antes que a turma aborde o mérito da denúncia. Argumentam, por exemplo, que o caso não deve ser analisado pela mais alta instância, por não haver foro por prerrogativa de função.
A petição também reforça pedidos anteriores da defesa, como a substituição da prisão preventiva de Domingos por medidas cautelares alternativas. O argumento é que a custódia já seria desnecessária. Caso o argumento não seja acatado, pede-se que Domingos seja pelo menos transferido para uma sala de quadros gerais ou prisão especial por ser magistrado do Tribunal de Contas do Rio.
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